Screen shot 2015-04-26 at 16.30.18É uma doença crónica, autoimune, que surge em indivíduos geneticamente susceptíveis e que se caracteriza pela atrofia das vilosidades do intestino delgado quando há ingestão de glúten.

O glúten é composto por prolaminas (proteinas de reserva, solúveis em alcool e tóxicas para os intolerantes ao glúten) e glutaminas (solúveis unicamente em solutos básicos, não tóxicas para os doentes celíacos), principais constituintes do trigo, centeio, cevada e aveia.

Quando há ingestão de glúten produz-se uma reacção no corpo do doente celíaco. No fundo, uma agressão do organismo contra o seu próprio intestino delgado: uma resposta inflamatória que origina a progressiva destruição da mucosa, traduzindo-se na atrofia das vilosidades intestinais. Essa destruição leva à diminuição da sua capacidade de absorção dos nutrientes.

A eliminação do glúten da alimentação permite que o intestino regenere por completo da lesão e o organismo recupere. Contudo, se houver reintrodução do glúten, as inflamações regressam e os sintomas reaparecem. Ou seja, uma vez estabelecido com segurança o diagnóstico, A DIETA TERÁ DE SER CUMPRIDA DURANTE TODA A VIDA.

 

SINTOMAS

Pode atingir o organismo de forma multissistémica ou com uma ou outra queixa, por vezes muito ligeiras. É habitual dividir as manifestações da DC em dois grupos: os doentes com sintomas clássicos (diarreia, flatulência, distensão abdominal, cólicas abdominais, gorgolejo,
emagrecimento, desnutrição ou atraso decrescimento) e os doentes com sintomas atípicos (Anemia ferropénica por falta de ferro e resistente à terapêutica habitual; Osteopénia/ osteoporose marcadas e/ou precoces; Dermatite herpetiforme; Estomatite aftosa recorrente; Infertilidade e abortos recorrentes; Alterações neurológicas e psiquiátricas; Alterações na função da tiróide; Alterações nas análises hepáticas; Alterações na dentição definitiva como a hipoplasia do esmalte).

 

DIAGNÓSTICO

Deve ser apoiado em várias informações, não sendo fácil de o estabelecer: História clínica; Análises sanguíneas [Anti-transglutaminase (tTG), IgA e/ou IgG; Anti-gliadina desaminada, (AGA), IgA e/ou IgG; Anti-endomísio (AE), IgA e/ou IgG]; Endoscopia digestiva alta com biópsias do duodeno (bulbo e segunda porção); Teste genético (pesquisa de HLA DQ2 e DQ8)

 

PREVALÊNCIA

Nos Estados Unidos e na Europa estima-se que uma em cada duzentas pessoas tenha doença celíaca. Em Portugal,  estima-se que 1 a 3% da população portuguesa seja celíaca (70 a 100.000). No entanto, existem apenas cerca de 10.000 celíacos diagnosticados, o que indica que a DC é uma doença largamente sub-diagnosticada que merece ser analisada e confirmada caso a pessoa apresente sintomas.

Atualmente, a incidência da DC em adultos é mais frequente que em crianças, e 25% dos novos casos diagnosticados ocorrem em indivíduos com mais de 60 anos.